O BÁLSAMO DE FERRABRÁS


A TRISTEZA

Eles se mudaram para a casa nova, não era tão grande quanto à outra, em muitos aspectos deixava a desejar, venderam alguns móveis. Os primeiros meses foram estranhos, quando pareciam estar quase adaptados, a avó da menina, D.Eli, veio a falecer.

Tanto a menina quanto o avô foram pegos de surpresa. O corpo dela foi encontrado no quarto, já sem vida, pela diarista. Desde que se mudaram, D.Eli não saia do quarto, e lá morreu, dormindo. A causa, foi constatada de morte natural, ou tristeza, chame do que quiser. A menina pela primeira vez na vida, tinha sofrido o baque de uma perda. Não era tão apegada a avó quanto era com o avô, apesar dela não saber direito o motivo, talvez pelas semelhanças entre as duas, e muitas dessas, ela só veio a perceber tarde de mais.

Mariela chorava a cada lembrança, até imaginava coisas que elas nem se quer viveram, mas poderiam, perguntava-se por que deixou de fazer tantas coisas com a avó e não achava nenhuma resposta. Aquele pesadelo dos primeiros dias nunca passava, e daí, ele percebeu que tudo aquilo era real. Tantas coisas deixaram de ser ditas, feitas. Pensou, tantas vezes, que se a visse de novo, abraçaria ela e não largaria mais, seria uma neta como nunca foi para sua avó.

Dias se passaram, agora mais que nunca pensava no avô, que andava estranho, naturalmente ela sabia a razão. Agora eram somente os dois, tinha de ser forte por ele.

A CRENTE

Algumas feridas já estavam se fechando e o clima na casa já não estava mais tão pesado.

Receberam muitas visitas nesses últimos meses. Pessoas que a menina nunca vira antes, mas na maioria seu avô conhecia, outras, não. Algumas da vizinhança também foram lá, dentre elas um grupo de crentes. Eram mulheres, na sua maioria já de idade, dentre elas, a menina reconheceu a mulher que morava em frente a sua casa. Ela, aparentava ter uns 60 anos e parecia morar sozinha, tinha os cabelos brancos, o rosto não tão enrugado e os olhos azuis vivos; aparentava ter sido uma mulher muito bonita.

Mariela se espantou ao ver a vizinha naquele grupo. Desde que se mudaram, e até antes de D.Eli morrer; Mariela, numa noite, não conseguia dormir por causa do barulho de música vinda de tão perto, que a menina chegou a pensar que era dentro da casa dela, mas não, vinha da casa da frente. As luzes lá estavam acessas, a música era clássica, não estava alta mas a proximidade da casa e o fato de uma janela ser de frente para a outra, ajudou o barulho a penetrar no quarto de Mariela; a mulher dentro da outra casa parecia dançar com alguém imaginário. Estava com um copo na mão, parecia bebida mas não tinha certeza, também parecia estar bêbada porque vez ou outra a vizinha caia no choro do nada.

A cena se repetia algumas noites, e algumas vezes Mariela, que já acostumada com o som noturno, ficava na janela olhando à senhora. Jolie a viu uma vez e não gostou dela, mas Jolie nunca gostava de ninguém. Mariela achava a amiga engraçada, brava e engraçada.

S.Tino aquela altura, tinha um estado de espírito mais calmo, o que tranqüilizava Mariela. Às vezes temia que acontecesse com o avô o mesmo que com sua avó, não foi só uma vez que a menina o pegou, nesses últimos meses, com o olhar um pouco perdido, igual ao que D.Eli fazia, mergulhada em um lugar que ninguém mais além dela podia estar; não podia deixar que o mesmo acontecesse com S.Tino, não queria passar por aquilo novamente.

Tirando os problemas, Mariela achou que nunca tinha conhecida tanta gente em toda sua vida, descobriu o talento de ficar muda quando alguém chega perto, não porque ela queria mas por simplesmente não saber o que falar. O movimento na casa tornara-se constante nos primeiros meses, depois, como era de se imaginar, cessou um pouco. Agora, quem os visitava com mais freqüência eram os vizinhos, que vez ou outra passavam quase toda tarde jogando conversa fora. O movimento, para a menina, agora não a incomodava tanto, ao contrário, gostava de ver o avô se distrair, animava-a para seguir em frente.

Numa dessas tarde de visitas e rostos novos, foi que vieram esse grupo de crentes e dentre elas a vizinha, que durante a meia-noite assumia um papel de louca, agora parecia perfeitamente normal, ou sóbria.

Chegaram com bíblias na mão para ler a palavra de Deus e acalmar um pouco os corações feridos. Enfim, foram todas para a sala, rezaram. Mariela estava lá, porém só estava escutando, percebeu que o avô fazia o mesmo; nenhum deles nunca foi muito ligado a nenhuma religião, mas respeitavam todas. Jolie também estava lá, no canto da sala, observando a cena. Mariela observou que a amiga evitava conversar com ela perto de outras pessoas, sabia por que ela estava fazendo aquilo, para as pessoas não a chamarem de louca como antes, ficou grata a amiga por isso, tinha de admitir, tristemente grata.

As senhoras, depois, ficaram na sala conversando. Uma ou outra ainda tentou entrar no assunto da morte de D.Eli, mas S.Tino rapidamente mudava de assunto, Mariela também preferia assim. As mulheres eram todas muito alegres e, a vizinha da frente não mudava muito das outras, somente pelo que aconteceu quando elas foram embora.

Todas se levantaram, e a menina foi levá-las até a porta. Ao saírem, fizeram uma espécie de fila indiana para cumprimentar Mariela, abraçavam com força, umas falavam coisas no ouvido da menina, tipo: “você tem que se forte” ou “isso tudo vai passar” , todas com um grande sorriso no rosto. A vizinha da frente foi à última, igual às outras, também estava sorrindo com aqueles grandes olhos azuis. A mulher ficou séria de repente e abraçou a menina quase no mesmo instante, falando em seu ouvido.

- Não siga o gato – ainda abraçando Mariela fortemente. A menina parou gelada quando escutou aquilo, parecia que uma espécie de raio havia atravessado todo o seu corpo, sentiu o braço arrepiar. A mulher estava ainda com o braço nas suas costas, abraçando-a, mas o abraço logo se desfez. A mulher olhou para ela sorrindo, com uma cara de que nada havia acontecido, e falou:

- Paz do senhor! – E saiu com as outras mulheres. Pensou em perguntar o porquê daquilo mas teve a ligeira impressão que não obteria nenhuma resposta, sentiu-se covarde, uma sensação que a menina conhecia com certa freqüência. Mariela ficou lá parada olhando a mulher ir atravessar a rua, e ia entrando na casa quando parou para falar com Lênin, que como sempre chegava agora em casa depois de uns dias desaparecido.

- Que gato bonitinho – e passou a mão na cabeça dele, em seguida, olhando para trás e dando um tchau para Mariela, a menina retribui a vizinha que entrou na casa em seguida. Mariela viu Lênin atravessar a rua olhando para ela e parando em frente ao portão encarando a menina parada, depois de um tempo naquela situação fez um “MIAU” sonoro e entrou passando por ela. Mariela ficou ali um tempo; depois entrou, pensando seriamente na teoria que estava ficando louca, “tanto faz, não seria a primeira vez”.

9 Response to "O BÁLSAMO DE FERRABRÁS"

  1. Atreyu Says:

    Gata estou moído do parque ontem!
    Rolou tanta coisa louca que eu nem sei contar! ...rsrsrsrs...
    Beijão! Estou morrendo de saudade!
    I ♥ U

  2. Eri Says:

    hj eu ligo pra saber como foi!
    fosse naquele negócio que gira? aquilo vicia
    oia num fui ontem na tua casa pq tive que ir na transpal, recadastrar minha carteira...te enviei o bálsamo por e-mail até a página 22.
    bjo
    saudades!

  3. Anônimo Says:

    Que surpresa, entrar aqui e encontrar uma história!

    Bacana.

    Tenha um ótimo fim de semana pessoal!

  4. Glenda Says:

    Ok, meu endereço de e-mail já se encontra lá! hehehe

    Ainda bem que sabe que não poderia me deixar de lado né??? shauhsuahu capaz!! Faz parte!! As vezes esquecemos dumas pessoas mesmo!!
    Já virei seguidora também!!

    Ah, não precisa agradecer! Eu adoro blog! Adoro escrever!! As vezes fico querendo postar alguma coisa no meu, ai posto, dai me vem mais uma idéia, e não posto!! Daí então posso postar la no Oh!My girls... Ah, quem inventou esse nome hein??

    Ah, faltam poucos dias pro acontecimento do ano mesmo!! dia 28 está bem pertinho!! não vejo a hora de completar esse primeiro ano juntinha dele!!


    Beijos querido!!! Me põe lá!! hehe

  5. Daniel Savio Says:

    Como assim não siga o gato?

    E o pingente, que parecia encerrar um mistério simplesmente foi esquecido?!

    Fique com Deus, galera.
    Um abraço.

  6. Anônimo Says:

    Oiiiie tudo ahh queria dizer que mudei o URL do blog aki tá: http://www.porescrito-c.blogspot.com/
    se quiser continuar seguindo beijossss

  7. Nathália Monte ;D Says:

    eii vão ser quantas pessoas nesse blog?umas 7 ta bom..se nao fica muita gente..(axo)
    beijO

  8. Doroti Says:

    Gato!
    Tbm tô acabada do parque!
    Mais foi mara!! *_*
    Meu bumbum tá doendo..mal consigo sentar! mas adorei o samba!

    vamos logo marcar o cinema!!

    : Ei..o carro 6 é meu viu!!

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    I ♥ ³³ U !!

  9. Anônimo Says:

    um ótimo final de semana brodi