O BÁLSAMO DE FERRABRÁS


O ESPELHO SEM REFLEXO

- Avô! O que isso significa? – Mariela tinha o medalhão na mão.

- O quê? – Se virou para olhar a menina nos olhos, estava estendendo o medalhão para ele. Pegou, e falou alto erguendo o medalhão:

Eu tenho o bálsamo sagrado

Com que teu Deus foi ungido

Bebe-o porque estas ferido

Bebendo ficas curado.

- Hum...Não sei.

- Não sabe? – Não conseguiu disfarçar o tom de desapontamento em sua voz.

- Pixote – começou S.Tino distraidamente. Ele estava arrumando uns livros, um pouco antigos, num escritório improvisado que ele havia feito em um dos quartos. Ficou bonito, mas ainda tinha muitas coisas empacotadas e pouco espaço para pô-las, só agora ele parou para arrumar a mudança. - Se alguém sabia o que isso significava, esse alguém era sua avó. Lembre-se que o medalhão pertencia a ela. – Concluiu ele.

- É, eu sei, e depois foi da minha mãe...

- E agora é seu Pixote – falou S.Tino sorrindo para Mariela, provavelmente porque percebeu o tom de desanimo da menina.

Ela deixou o avô arrumando as coisas dentro de casa e saiu para o quintal, não tão grande quanto o outro, mas tinha seu charme. Antes, porém, ela tinha ido guardar a caixa no quarto. Encostou-se na grade do quintal de onde podia ver toda a rua e viu Lênin vindo na direção dela. Ele chegou perto e ficou arranhando ela, depois dava uns passos em direção a rua e voltava arranhando ela novamente.

- Sai Lênin – falou Mariela, que começava a se irritar com a insistência do gato.

- O que ele quer? – Era Jolie que estava em pé observando a cena.

- Sei lá. Ele fica arranhando.

- Acho que ele quer que você o siga.

- É? - Mariela falou olhando curiosa para o gato – se ele latisse igual a um cachorro, mas ele só fica arranhando.

- Talvez ele não lata porque é um gato. – Jolie agora ria. Mariela se levantou e o gato saiu andando em direção a rua, parece que ele queria mesmo que o seguisse. A menina fechou o portão devagar para o avô não perceber que ela saiu. Foram as duas seguir o gato, ele parecia parar às vezes para elas tentarem alcançá-lo.

- Onde esse gato idiota tá querendo levar a gente? – Falou Jolie já irritada por parecer que o gato não as levava para lugar nenhum, ou talvez por preguiça de estar andando mas Lênin de repente entrou dentro de uma casa. Era com certeza abandonada, porque tinha tábuas de madeira na porta, trancando-a, mas havia uma brecha por onde o gato passou, suficientemente grande para passar uma menina do tamanho de Mariela.

Jolie e a menina ficaram se olhando quando o gato entrou na casa.

- Essa casa me dá arrepios. Eu não acredito que todo esse tempo o Lênin estava vindo pra cá! – Falou Jolie.

- É. – Falou concordando, e depois de um tempo em que as duas ficaram em silêncio sem saber muito bem o que fazer. - Vamos entrar? – Mariela falou já passando pela brecha que havia na porta. Parecia ansiosa.

- Você vai entrar?! – Era tarde, a menina já estava dentro da casa.

O interior não era tão arrepiante, era uma casa até bonita, só parecia estar abandonada há muito tempo. Não tinham móveis, só algumas coisas caídas no chão, provavelmente por outras pessoas que haviam visitado o local, entre a poeira, havia pegadas que pareciam ser recentes e sumiam em um buraco no chão.

- Você não me escuta! – Jolie veio atrás de Mariela com os braços cruzados, protestando.

- Que susto!

- Cadê o gato? – Falou a amiga um pouco irritada.

- Hum... Não vi aonde ele entrou – Mariela falou olhando ao redor. Estavam em um lugar onde um dia parecia ter sido uma sala, a menina olhou as pegadas no chão e as seguiu até o buraco. Chegando, viu que havia uma escada que dava para baixo da casa, Jolie que agora estava ao lado de Mariela, olhou pra ela com uma cara de “você não vai fazer isso, né? Né? Né?!” . Ela já tinha ido.

Estranhamente, em baixo não era escuro. Entrava luz por uma janela que a menina não tinha reparado na entrada. Lênin, estava lá, na escada, lambendo-se. Mariela observou em baixo, era pequeno e não havia nada, a não ser um espelho grande e redondo mas estava quebrado, de espelho mesmo, não havia nada, somente o formato. A menina olhou pra trás, e lá estava Jolie, em pé, de frente para o espelho não estava zangada como Mariela achou que ela estaria, o que seria mais normal, na verdade, estava pálida igual a uma múmia.

- Que foi Jolie? – Ela nem reparou em Mariela falando, olhava para o espelho quebrado.

- Como isso veio parar aqui?

- O quê? O espelho? – Mariela não estava entendendo o porquê do espanto da amiga.

- Vamos embora –

- Por quê? – A menina não entendia por que Jolie ficou daquele jeito, o espelho não parecia ter nada de mais.

- Vamos! – Jolie gritou, ela nunca havia gritado com Mariela antes, que ficou sem reação, estranhamente, sentiu um tom maternal no grito, e raiva. Mesmo assim, passou pela amiga para ir para casa, também não sabia se era impressão, mas quando passou ao lado de Jolie, ela parecia estar tremendo. Saiu da casa abandonada, o gato não veio atrás, Mariela não entendia, simplesmente não entendia...

Quando chegou, seu avô já tinha tirado grande parte dos livros da caixa. A menina foi direto para o quarto, e como ela imaginou, Jolie já estava lá esperando por ela. Antes que Mariela pudesse falar alguma coisa, a amiga se adiantou.

- Escuta...- Ela estava com o rosto sério. – Me desculpa por ter gritado com você, eu tenho que te pedir outra coisa e você não pode me perguntar o porquê que eu estou pedindo isso... Eu não vou poder te responder.

Mariela escutava a amiga sem interromper. Depois de respirar um pouco, Jolie continuou. – Você vai ter que me prometer que não vai voltar naquela casa de novo. Veio um silêncio. Jolie chegou mais perto de Mariela e olhou bem nos olhos dela.

- Promete? – agora parecia mais uma súplica, Mariela respondeu com o rosto sério, desviando o olhar da amiga.

- Prometo – Jolie pareceu aliviada ao ouvi-la dizer aquilo

- Obrigada. – Ainda ficou um estante, como se esperasse que a menina perguntasse algo, mas ela não disse nada. Foi embora, deixando Mariela sozinha com os seus pensamentos.

Chegou a duas conclusões:

1. Jolie nunca iria falar.

2. Tinha que descobrir por conta própria.

A menina havia mentido.

12 Response to "O BÁLSAMO DE FERRABRÁS"

  1. Marina Melo Says:

    Meninamá.com sei qual é...terror né?

  2. Daniel Savio Says:

    Na verdade, é um conto de escolhas...

    Fiquem com Deus, galera.
    Um abraço.

  3. b Says:

    Medo de Jolie
    Impressão de Jolie
    Indiferença de Mariela - tão indiferente com o bem (medalhão da vó) quanto com o mal ( o medo).
    Mas se um gato sabe, ele sabe.
    Gatos são intuitivos e telepatas.
    De verdade.

  4. A Madrasta Má Says:

    Olá amoreco.... que papai o que? kkkkkkkkkkkkkkkkk antes dele abrir a boca já caiu morto envenenado kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Bjinhos da Madrasta!

  5. Anônimo Says:

    Oiii passando pra deixar um beijão

  6. Anônimo Says:

    cara seu blog continua foda,s eus posts são bem legais e prendem a atenção, principalmente este sobre escolhas de vida

  7. Anderson Says:

    Oi.
    Fico Feliz que tenha gostado do Blog, pois a intenção é agradar Homens [Fetiche] e Mulheres [Calçados/Dicas].
    Pode deixar que irei lhe adc, pois gostaria de mudar algumas coisitas em meu Blog. Desde já agradeço.
    Até breve.
    Abraço.

  8. ZalinsQ Says:

    o meu poema é muito ruim


    vc é q foi muito generoso no comentario

    olhe tb meu outro blog "o mundo maravilhoso do zalinsq", este é mais bobão

    kkkkkkkkkkk

  9. Anônimo Says:

    vou colocar o banner de vcs no meu blog assim que eu fizer um decente aviso!

    de nada pelos selos =D

    bjoks

  10. Anônimo Says:

    Nossa, que suspense! Ficou muito bom!
    Vocês variam bastante, vão começar a escrever histórias?

    Mil beijos!

    (Fiquei com medo do espelho).

  11. Amanda Sobieski Says:

    Quero siim !! Porque adorei, e achei tudo maravilhoso !! :D

    ¬¬

  12. Gii Says:

    Cada vez mais fica mais intrigante e interessantissimo!